quinta-feira, 31 de agosto de 2006

A SEDE DO PEIXE

A sede do peixe (Para o que não tem solução)
(Milton Nascimento e Márcio Guedes)

Para o que o suor não me deu
O fogo do amor ensinou
Ser o barro embaixo do sol
Ser chuva lavrando sertão
Qual Aleijadinho de Sabará
E a semente das bananas

Para o que não tem solução
A sede do peixe ensinou
Não me vale a água do mar
Nem vinho, nem glória, navio
Nem o sal da língua que beija o frio
Nem ao menos toda raiva

Para o que não tem mais razão
A calma do louco ensinou
A dizer nada

Para o que não tem mais nada
A calma do louco ensinou
A dizer razão

terça-feira, 29 de agosto de 2006

UM LUGAR


Diamantina-MG

Foto tirada no Campo de Geomorfologia. Diamantina longe do centro histórico, ainda mais bela.
Esse sorriso de pedra...

domingo, 27 de agosto de 2006

Menu


"Lançamos este chamado desde o Quilombo dos Palmares, inspirados na força da luta de Zumbi, para construir a frente de esquerda (PSOL - PSTU - PCB), e proclamar a candidatura de Heloísa Helena à Presidência da República."
Essa é a primeira frase que se lê no site do P-SOL (Partido Socialismo e Liberdade). Confesso que me emociono com a retórica de gente assim. É ler e se deliciar com ideais de liberdade e igualdade que parecem ser trazidos de hollywood de tão fantásticos. Na página da canditada representante da coligação: "Coração Valente - Heloísa Helena para presidente"
O problema é que pra acreditar numa proposta que chega a ser lúdica, é preciso ser muito inocente. Nem o Cristóvão, que até o presente momento era meu candidato (diga-se de passagem que só por causa do sobrenome) e parece um personagem dos Ursinhos Carinhosos, de tão bonitinho e simpático tem proposta tão impalpável. Fazer a revolução educacional é tão difícil - mas ao mesmo tempo tão possível - quanto a reforma agrária.
O que a Helo está deixando na cara pra todo mundo, é que ela e o esquadrão sem-noção do P-SOL vão querer fazer radicalismos nesse nosso país. Dá pra enxergar por trás de tudo que eles dizem um quê de loucura como: não pagar a dívida externa, dar autonomia ao MST e afins, peneirar as filas de aposentados e pensionistas do INSS, etc.
De que tudo isso é necessário e de que seria ótimo se alguém o fizesse não há dúvida. A questão vai um pouco além, e a coisa aperta é quando a insanidade dos pretendentes a governar o barco é muito grande. Dentre os tantos que se propuseram a pegar o leme dessa vez, eu digo que ainda sou devoto do Lulinha. Não vou ser rude a ponto de considerá-lo o "menos pior", mas é que ele, o nulo e o branco estão numa disputa acirradíssima pelo meu voto.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Álvares de Azevedo


Trecho do poema "Eutanásia", de Álvares de Azevedo, que quadrinizei faz um tempo. O cara é um dos poetas que mais curto. O legal desse quadrinho é que ele foi feito com aquelas antigas "canetas de engenheiro". Tinha que parar toda hora para desentupir a bagaça. Mas o quadrinho saiu.

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Era pra publicar esta letra no Domingo, faria mais sentido. Mas como as coisas para mim insistem em andar em caminhos tortos, vai na Segunda mesmo. Essa letra é uma homenagem ao brother Raul e sua (típica) "melancolia de Domingo". Acho que quem usou primeiramente esse termo foi a Sam- genial... Quando virar música, o finalzinho dela vai ter como música incidental a canção "Domingo", dos Titãs. Vai ficar legal...

Canção de Domingo

Hoje é domingo, Raul
É chegada a hora
De ligar a tv
Ou se entristecer com a aurora

Hoje é domingo, Raul
Eu sei...
A solidão dói bem mais que a demora
De ver o dia morrer
E você pensa:
O que fazer agora?

Hoje é domingo, Raul
Cadê seu violão?
Toca uma canção
Canção de domingo

sábado, 19 de agosto de 2006


Procurei entender os sinais
suspensos entre as colunas
e as fechaduras. Empenhei-me
em esclarecer os recados
apressados de socorro,
o tambor lacerado das paredes.
Decifrei os grafites dos banheiros
públicos, as inscrições puídas
no lenho, os volantes
recebidos no trânsito.
A vida com erros de ortografia
tem mais sentido.

Ninguém ama com bons modos.

Fabrício Carpinejar (As Cinco Marias - Bertrand Brasil)

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Mais uma letra...

Você Passou

Abri os braços
Chuvinha invisível da noite que me molhou
Vou...
Só eu na rua
Sou eu na sua

Você passou
E eu nem sei se sorri
Você passou
E eu nem sei se sofri

Abri o peito
Pra mostrar meu coração
Mas ele não estava ali
O músculo alforriado disse não
Partiu, vai longe daqui

Eu quis chorar
E enxugar as lágrimas com as pétalas
Das flores que te dei
Eu quis voltar
Mas, o caminho já não sei

Você passou
E eu não estava aqui
Você passou
Dentro de mim

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Time

Aí estamos. O time que compôs o Manual Cerebral enquanto projeto musical.

Uma banda de rock. No quarto da irmã do Léo, a Manu, que teve a boa vontade de emprestar seu nobre aconchego para que pudéssemos ensaiar.

Da direita pra esquerda: André (baixo), Marquito (vocal), Eu, (guitarra), Léo (batera) e agachado na nossa frente o Geremias (teclados).

Só faltou o Alves na foto, mas é que ele não estava presente nesse ensaio, apesar de que com certeza estava torcendo por nós...

Valeu pela força galera! Espero que possamos continuar com a mesma vontade dia após dia!

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Semente


Passei semanas me dedicando a um projeto que parecia ser real - ou pelo menos palpável.

De tudo se fez esperança. Pensamos que aconteceria.

Não.

De nada vale a mensagem, o espírito que acompanha o som, a voz que sobe e que desce conforme mandam instrumentos.

Não.

Fomos apenas atores. De tanto olhar as luzes, as pupilas se secaram.

Por tanto tempo mudo, a garganta dilatou.

De tanto cultivar o sonho na cabeça, a semente morreu antes de germinar em outras cabeças.

(Mas a semente brotou dentro da gente.)

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Bobagens

Parece bobagem, mas costumo tentar entender as tatuagens que costumo ver por aí. Ir antes do desenho. Descobrir ou mesmo imaginar as pequenas as estórias gravadas na pele. Sempre passa por aqui uma menina que tem uma tatuagem de borboletas nas costas. Tem dias que ela passa com essas blusinhas de alcinha, felicidade estampada no rosto. As borboletas nas costas parecem que vão voar. Céu azul por toda parte. Há dias que passa com uma blusa ocultando o desenho, carinha fechada, noite escura. O negro repouso do casulo. Fico pensando na alma de borboleta da menina, suas asinhas de se contar estórias. Essas bobagens, fico pensando...

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

A Morte do Poeta

Pode sorrir agora
Eu matei o poeta
Sei que ele te incomodava
Por muito tempo foi assim

Sorria!!
Matei o poeta
Não houve grito, nem lágrimas
O poeta morreu calado
Nenhuma gota de sangue
Sujou minhas mãos

Poetas morrem assim como nascem
Sem muito estardalhaço
Nenhuma notícia no jornal
Sem ninguém perguntar na pracinha
Passarinho voando longe sem dar aviso

É... Matei o poeta
Ninguém mais o vê, só eu
Ele está sentado ali no sofá
Fuma seu cigarro Souza Paiol
E sorri...
Seu sorriso irônico

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Um Pedaço do Escuro




Escuro. Meu corpo colado no dela numa dança cega. Acho sua orelha com uma leve mordida. Gemido. Minhas mãos tocando seus pêlos, minha boca procurando seus seios. Sinto que ela sorri, mas dos seus olhos não sei nada. Estão fechados ou abertos fitando a noite do quarto? Não sei. Na verdade não importa, só quero estar dentro dela... Encher o quarto de nós dois.

quarta-feira, 2 de agosto de 2006