quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Amadureci a covardia em sarcasmo.
Posso rir do sofrimento.
Mistérios existem para simular profundidade.
Sou rasa, fútil. Não reverencio a primavera,
a mais sádica das estações.
Desde a infância, ela floresce minha asma.

Posso adiar a morte,
nunca o nascimento.
É impossível cortar a semente.

Fabrício Carpinejar (Cinco Marias – Bertrand Brasil, 2004)

domingo, 26 de novembro de 2006

Curva de Rio


Depois de muito grafite e nanquim, enfim, terminei a famigerada HQ: Curva de Rio...
Vou postar um pedacinho dela (já que ainda não foi publicada), e no uso de minhas atribuições legais - e ilegais também - dedico o presente post a Samara-Sam!!

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Fim de Noite




*Sei lá de que canto escuro do meu pensamento veio isso...


Fantasma

Quando ninguém te vê na rua
E você passa, assim de mansinho pelas manhãs
Sem se olhar no rosto de ninguém
Talvez aí (só aí) você sinta o que é solidão
O estado “sem”

Se o relógio quebrado na parede já não marca as suas horas
É sinal que o tempo já passou por aí, foi
Sem você perceber o dano
E o que vem?

Quando um velho amor morreu
E você se abraçou aos restos
Pedaços do que já foi seu
As nuvens coloriram o céu de cinza
E só elas choraram
E você vem?


Eu, flutuo translúcido em seu pensamento
Sei que isso não é dor
É esquecimento
E grito:
-Meu bem, meu bem

Capitulações sobre o cotidiano

* Os Mutantes voltaram. Agora com Zélia Duncan, e o ar rejuvenescedor notavelmente envolveu o som. Na minha humilde opinião, aprovadíssimo! Quanto ao fato de Rita Lee ficar escrachando a nova formação com ofensas contra Arnaldo e Sérgio, eu só espero que ela é que consiga deixar de ser mercenária, porque música de qualidade ela desaprendeu a fazer há um bom tempo.

* O Atlético voltou à primeira divisão sagrando-se campeão da série B, todos sabem. O que eu espero agora é que a gente transborde aquele mineirão de gente no próximo sábado. Vamos bater o nosso próprio recorde de torcida e tentar colocar 65000 atleticanos dentro daquele estádio. Agradecimentos muito especiais ao Levir, um técnico de verdade, um cara foda! e pra terminar com um clichê: vamo subir galôôôô!

* A crise nos aeroportos do país insiste em ser manchete em todos os jornais, mas como eu não ando de avião mesmo, foda-se!

* Encontrei um definição perfeita para "Emo" no blog Os Canastras onde a Sam mais uma galera legal escreve umas coisas legais também. Para saber é só clicar aqui

domingo, 19 de novembro de 2006

Teste



Estou vendo se esse tal de GoEar funciona mesmo. É que daqui um tempinho vamos começar a postar músicas nossas aqui. Se isso funcionar direitinho, é só aguardar...

(Falei como aqueles compositores que todo mundo fica louco esperando pra ouvir as músicas inéditas né?! até parece...)

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

DUTO

A proteção materna me deixou invulnerável.
Não pensei uma vez sequer na linha de combate;
linha de rugas.

Nunca me propus a comandar o corso.
Nunca me vi subalterno ao ódio.
Nunca mensurei atitudes sem prévia prospecção.

Adiei o grito sem pensar na mudez.
Entendi que nada envelhece sem alguma violência.
E que o canto nem sempre descende da alegria.

Há um duto interior por onde dores e alegrias entram;
e é por ele que palavras saem para se dissolverem no ar.
As que poluem duram pouco tempo.
As que purificam ficam.

Ficam firmes e indeléveis
como doenças impregnadas nos colchões;
contagiam vidas quando se revestem de som;
fazem lembrar alguma coisa que não lembramos antes;
resíduo do nosso primitivismo individual.
Como fruta que volta à primeira semente;
Como cinza de árvore que alimenta a raiz.
Como som de coração batendo, reverberando dentro do ventre
antes do primeiro centímetro visível de embrião.

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Mensagem



Incrível como as canções de protesto do ano de 1933 ainda fazem sentido hoje, 73 anos depois. Descobri esse samba num disco do Chico chamado "Sinal Fechado" que comprei por R$10,90 nas Americanas (salve Americanas!) . Ainda quero ouvir a versão original cantada pelo próprio Noel que deve ser incrível, mas pra quem não conhece, vale a pena correr até unidade das Lojas Americanas mais próxima e pegar esse tesouro.


Filosofia
Noel Rosa

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Chuva

Tenho medo das coisas que caminham na chuva
Mas trago um temporal dentro do peito
Vários mundinhos num só lugar nenhum
Onde foi parar você dentro de mim?
Eu sei?
Vai, não liga pra minha tristeza, não
Ainda estou "passarim de asa quebrada"
Mas, um dia, vou voar no meio desta chuva
Sem molhar meu coração de lágrimas
E pousar sereno em suas mãos

sábado, 4 de novembro de 2006

Momento...



Sabe aqueles momentos na vida de um cara em que ele pensa - ou pelo menos tenta - ser Chico Buarque? pois é...