quinta-feira, 12 de novembro de 2009

PATA DE ELEFANTE

Salve os que sabem dizer muito sem usar palavras.

Myspace: www.myspace.com/bandapatadeelefante

domingo, 27 de setembro de 2009

...

tudo acaba e começa
solidão cabe num mundo inteiro
ou num buraco de formiga - big bang às avessas
Voando nas asas das tanajuras as idéias se vão
E esse blog fica pra solidão

sábado, 11 de julho de 2009

PRA SER ASSIM COMO EU

Pra ser assim como eu: esperto, bonito e legal
tem que ter swing e barriga
tem que encarar qualquer briga
tem que arrasar no salão feito o Sidney Magal

Pra ser assim como eu: cheio de graça e moral
tem que saber ganhar grana
tem que saber se fazer de bacana
tem que beber todo dia sem nunca passar mal

Pra ser assim como eu: inteligente e machão
Tem que abrir mão da humildade
Tem que parar de fazer caridade
Tem que gostar da cidade e amar a poluição.

E é preciso tomar cuidado
Pra não virar pobre coitado.

sábado, 30 de maio de 2009

Raiz

Ontem li uma frase assim: "se as árvores não tivessem raízes, fugiriam dos homens". Comecei então a pensar no quanto a realidade é ambígua. Como é que as raízes que mantém erguida e viva a árvore, podem torná-la também uma presa imóvel e completamente vulnerável?

As árvores que ofertam sombra, as árvores que geram frutos, as árvores que atraem raios, as árvores. Nunca entendi bem porque uma das formas de vida mais antigas do universo não foi capaz de evoluir ao longo do tempo a ponto de se adaptar à condição de vítima-do-homem. Por que é que as árvores não criaram pernas ou asas? Assim seria fácil fugir dos machados, das motosserras, do fogo, das máquinas. Pra que ficar ali, “mamando no sol pelas folhas”? Fotossintetizando?

Talvez o segredo de ser árvore seja justamente a condição de ficar imóvel. Não estamos aptos a ser árvore. Não conseguimos ficar parados por um segundo que seja para observarmos o que acontece ao nosso redor. Pelo contrário, andamos freneticamente por caminhos que acreditamos nos levar a algum lugar e criamos raízes nos solos mais infecundos. Logo onde não deveríamos parar.

Pobres coitados somos nós que tão rapidamente criamos raízes em campos que acreditamos ser férteis. Elos que nos impedem de fugir na hora em que mais precisamos.

Eu me confundo. Às vezes penso ser raiz o que talvez seja só semente. E a semente é o símbolo da incerteza: pode ou não vingar. Plantar sementes é dizer: seja o que Deus quiser. É uma forma legítima de se ter esperança. Não há qualquer garantia de que a semente venha a ser raiz.

Vivo no mundo do ter e estou cada vez mais me acostumando em não ter.

Só resta acreditar que o tempo vai regar a terra onde deixamos plantada aquela frágil esperança. Aí sim fará sentido toda essa história. É preciso ter um tronco forte e saber, sempre que for preciso, brotar do chão.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Gene Recessivo

Exposição da fotógrafa inglesa Jenny Wicks, na galeria Idea Generation em Londres: Raiz de gengibre: um estudo sobre o cabelo vermelho.

Objetivo: mostrar como a sociedade vê as pessoas ruivas.

Sim. Ele é de verdade.




sexta-feira, 10 de abril de 2009

no meio do caminho

O homem segue brando pelo caminho que lhe é concedido. Não faz idéia do quanto pode haver de certo no seu caminhar errante. O homem mede todas as suas culpas em um único dia. Sente o pesar da realidade e fecha os olhos na intenção de se tornar mais leve. Respira fundo pra voltar à superfície. Enche os pulmões de ar pra se esvaziar de si e prende a respiração por demorados segundos. Nada reduz o incômodo de ser consciente. O homem abre os braços para sentir-se solto. Sabe que é livre na prisão da cidade. Sabe que é frio no calor do tráfego. Sabe que é fraco na força dos ossos. Orienta o vento nos cabelos da mulher que passa. Rejuvenesce o tempo na dobra das rugas. Colore o dia na palidez da sua pele. O homem salva o inseto que se afoga na poça d’água. Sabe que – guardadas as devidas proporções – suas vidas são exatamente iguais em termos de desimportância. Há mais tempo para sofrer do que para ser feliz hoje, agora, no mundo. E um cansaço repentino lhe assola as pernas depois de um dia inteiro andando por calçadas e becos. O sol queimou o quanto pôde sua pele de homem. O asfalto afinou a sola de seus sapatos de homem. A alta temperatura fez evaporar quase todo líquido que havia dentro do seu corpo de homem. Caído ali naquela esquina ele já não é ninguém. Ele é alguém que não se lembra do nome ou do caminho de casa, e que, quando quis gritar, viu sua voz sumir. E ao passar por ali, ninguém repara que havia um homem no meio do caminho.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

...

Silêncio?
Sim, tá tudo quieto...
Humm...
Mas a moça de vestido verde continua a dançar.
Silenciosamente.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Estela, por mais essa janela insista em ficar fechada
meu choro é de fachada. não sou tão forte assim
eu meço o prejuízo de se falar a verdade
e prefiro mentir pra ninguém caçoar de mim
Estela, a vida é sempre bela dentro da televisão
mentiras e verdades disputam minha atenção
não fico muito atento aos conflitos do oriente
mas rezo todo dia pra quem está no paredão.
Estela, você não é mais aquela a quem eu pedi a mão
você não é aquela que um dia eu conheci
fala de tantos planos, mas segue vivendo em vão
faz pesar mais o fardo das coisas que eu aprendi.
Estela, você não vê novela pra não se tornar igual
e me diz que saber de tudo é viver em paz
e eu te copio em tudo, mas o máximo que eu posso
é amarrar os cadarços do jeito que você faz.
Estela, daqui da passarela te vejo na arquibancada
mas esse ano meu carnaval está tão ruim
você disse que a festa perdeu todo seu sentido
e não há mais sorriso em meu rosto de arlequim.
Estela, eu sei que a favela virou coisa de cinema
e a nossa vida hoje é mera representação
o tempo passa em nossa frente igualzinho a um filme
resta saber se é drama, comédia ou ficção.

domingo, 1 de março de 2009

Eleições...

O Quilombo Moderno, blog de quadrinhos do Alves, foi indicado pelo www.apaixonadosporquadrinhos.com ao prêmio de melhor tira on-line ao lado de outros 19 concorrentes. As votações começam hoje no www.quadrinho.com


Então vamos lá né. Dar uma força pro cara conseguir mais esse prêmio (porque pra quem não sabe ele é especialista nisso hehe)


Aproveitando: Eu já devo ter avisado pra todo mundo (mais de 50 vezes) via orkut e e-mails que a NONADA está concorrendo a uma vaguinha no Conexão Vivo. Mesmo assim vou reforçar o pedido de ajuda. Pra votar no perfil da banda é só clicar aqui.


Gracias!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ela era um tipo de mulher que não carecia de cuidado. Não precisava retocar os lábios, acentuar a cor das bochechas, reparar as sobrancelhas ou as unhas. Tampouco precisava de companhia para seguir até o portão de casa, caso chegasse tarde de qualquer compromisso a que tivesse ido, certamente sozinha. Era o exemplar de mulher efetivamente independente, diferentes de todas as outras que - sempre camuflando sua dependência na própria rebeldia - desabavam em momentos de tensão maior.

Ela acreditava em parto sem dor, e se tivesse nascido homem, seria “o homem atrás do bigode: sério, simples e forte.” A criação que teve a fez perceber cedo demais que era altamente prejudicial acreditar nos outros. As pessoas seriam sempre pessoas e, portanto, reféns – assim como ela – das mesmas dúvidas, medos e inquietações.

Ser mulher era ter que suportar um mundo feito para homens. Era vestir o vestido de uma estranha; com medidas diferentes das suas, e ter que se acostumar. Se acostumar era algo que incomodava demais, pois para ela, a vida de todas as suas antepassadas, resumia-se a habituar-se a uma rotina que estava longe de ser o que alguma mulher queria para si. Era como se, no momento em que ela se visse numa situação que lhe exigisse adaptação, ela capturasse o ódio acumulado de todas as suas ancestrais e o concentrasse na garganta. E convertia no grito tudo o que fosse dor.

Ela conhecia os bons modos, mas não se preocupava em seguí-los. Não tinha muitos amigos, não pretendia ter. Não tinha muito dinheiro, não precisava ter. No mundo, pensava ela, o sujeito é que ele tem. Quem não tem nada não é ninguém.

E a vida passava com o tempo. O tempo passava com a vida. O tempo trazia rugas e certezas, a vida trazia outras noções de tempo. Na madureza era preciso se virar ao avesso. Mostrar que a juventude morava na alma e que o corpo era só abrigo. E que por dentro, nada envelhece. Tudo aspira apenas um mudança de lugar. Na vida e no tempo.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Não é preciso espera para a despedida. A espera é o ritual que se cumpre por obrigação com o tempo. Toda espera também é perda. A despedida não depende de espera e acontece no momento em que quem está partindo diz adeus. O que se cumpre depois do adeus é tradição. A matéria ainda nos confere o caráter de realidade do qual somos dependentes. Só quem vai embora sabe o alívio de “deixar pra trás sais e minerais”. E não há sensação mais gostosa do que imaginar o lugar melhor do qual você tanto nos falou e para o qual você deve ter ido. Eu já sabia da partida há tempos e esperei – com a paciência herdada de você – que se cumprisse a sina de sempre. Quero passar pela vida podendo escrever minha história com a mesma letra com que você escreveu a sua. Hoje não há lugar para dor, mas sim para o alívio. A gente já tinha conversado e feito planos antes do último dia mesmo. Planos para serem realizados em planos diferentes. Eu aqui em baixo, no plano terrestre, executando tudo, e você aí em cima vigiando e protegendo. Então não há porque chorar. Até qualquer dia e obrigado por tudo.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Sentimento do Mundo II

Pressinto mineralmente

Conquistas de tamanho

Realizações adiadas

Para o momento certo.

No seu caminhar errante

Como o que eu mesmo tive

Vais perceber a vida

E suas latitudes

Na forma mais absoluta

Que se pode sentir

E por seres derivação

de mim organicamente;

irás achar graça e rir

das mesmas coisas tolas

que por gerações inteiras

resistem acontecendo.


Quando me vejo olhando

Pro meu futuro previsível

Consigo te enxergar

Tão antes de existires

E ignoro verdades

Só pra ver sua imagem.

Finjo não ter remorso

Por ter vontade grande

De te trazer pro mundo

Fazer-te degustar

De sentimentos daqui.


A vida se nutre de outros sais

que não os que me compõe

de outras combinações;

de outros códigos;

De outras metamorfoses nascem peças essenciais.

E quando tudo acabar pra mim

Talvez antes mesmo de você chegar

E antes mesmo de eu conseguir escrever um desfecho

(ou qualquer verso de conclusão)

ainda restará um lugar:

aquele lugar que venho mantendo guardado.


[?]