quarta-feira, 25 de outubro de 2006

avião

fiz esta canção pra você voar
tranquila
nas asas do vento
seu coração "calmar"

quando a cidade aparecer no chão
e você sorrir e lembrar
das coisas que nem sei se vão ainda dentro de você
solta seus cabelos
deixa o vento te levar
e vai

sábado, 21 de outubro de 2006

VOCÊ

Você que sai de casa de manhã, cheia de disposição pra reencontrar as mesmas pessoas e executar novamente as mesmas tarefas, sentada na mesma cadeira do mesmo escritório. Você que sabe que essa disposição vai ter expirado por completo às 17:30 pelo fato de você tanto ter se empenhado nessa sua profissão de resolver problemas. Você que tem que correr todo dia pra chegar ao ponto do lotação antes do lotação, e às vezes até contar com a boa vontade do motorista que, por costume, espera um pouco por você antes de dar a partida.

Você que tem que estudar à noite e chegar à sala de aula sempre ofegante e no momento exato do término da explicação; quando o professor pede exercícios sobre o que acabou de explicar. Você que em fins de mês – às vezes, por todo o mês - não pode ir até a lanchonete na hora do intervalo da aula, pois tudo o que tem na carteira é a conta exata da passagem de volta do lotação.

Você que às vezes atrasa no banheiro na volta do horário de almoço ou no meio da aula, só pra poder chorar um pouco. Você que também descobriu que o ser humano tende a ser sozinho e se assustou quando percebeu que também estava seguindo essa tendência.

Você que acredita em democracia, socialismo, milagres, vida em outros planetas, amor verdadeiro (mas não eterno), Deus. Você que não acredita em horóscopo, outras vidas, fantasmas, diplomas, televisão. Você que sonha com independência financeira e pensa em financiar o próprio apartamento sem contar pra ninguém, nem para seus pais. Você que sonha em conhecer outros países e apesar dos pesares continuar morando aqui.

Você que tenta sempre enxergar além, que minimiza os defeitos dos outros fazendo com que eles se sintam bem. Você que pensa que a pessoa pela qual você espera também já te espera ansiosa, sem saber que vocês vão se encontrar em muito pouco tempo. Você que não descarta os fumantes (mesmo que seja um pseudo-fumante que fuma três cigarros por ano e se arrepende depois de cada um com medo de se viciar), porque sabe que cada um precisa de um subterfúgio. Você que não liga pra manias, mas foge de modismos. Você que não tem um estilo definido para se vestir, mas sempre está em metamorfose.

Você que quase sempre ouve mais do que fala, mas em algumas poucas vezes fala demais só pra desabafar e depois de ter falado sente aquela vontade enorme de morrer. Você que como toda e qualquer criatura do sexo feminino vivente na face da terra possui seus defeitos: opta pelo menos prático, carrega na bolsa coisas inúteis só para ter dor na coluna depois por causa do peso, demora muito para escolher entre mais de duas coisas seja lá quais forem as coisas, gasta sempre mais do que o salário que ganha e compra coisas sem a menor utilidade para a própria vida só porque são bonitinhas, engraçadas ou coloridas.

Você que não repudia a idéia de ter mais de dois filhos e não usa argumentos clichês como o de que vai ficar muxibenta e capenga. Você que tem vontade de viver por muito tempo; ficar bem velhinha e poder ver as gerações passando por você. Você que vai aceitar os percalços da idade sem problemas. Desde que você tenha audição pra ouvir música - como sempre adorou a vida inteira - até seu último dia, tudo bem. Você que sabe que é difícil ser feliz, mas não desiste de ser de jeito nenhum. Você que supõe o céu num olhar e tem a varinha mágica pra revirar meu destino, desenhar comigo um projetinho de vida.

Você que se chama Maria, Joana, Lúcia, Fernanda, *Paula, Carolina, Virginia, *Samara. Você que vai ter um nome que com certeza vou adorar repetir. Você que existe em qualquer lugar aqui por perto.

Me diga onde está você!




* Qualquer semelhança com a vida real não é uma coincidência.

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Micro-Romance

Sim. Aquela noite foi curta demais. A rapidez das coisas boas - vide o gozo. Eu naquela de ficar ali deitado na cama, ao som das balas ice-kiss que ela quebrava nos dentes. Crac!!! Isso era o que eu mais gostava de ouvir. Sua impaciência, depois um beijo. Eu sentindo seu gosto nas mãos, seu perfume tocando meus olhos, ventania que entra pelo ouvido - sussurros. E o tempo passando translouco. Ora passado, ora futuro, confusão no pensamento. Ah, e esse relógio que não quer parar , morte aos ponteiros, eu pensava. Pra quê o sol? Pra quê o dia? Então me escondia na escuridão de suas ancas... E ela me olhava e ria.