domingo, 10 de setembro de 2006

Genótipo




A força da continuação,
ereção hereditária da natureza,
faz arvorar pelos pés
e enraizar pelas mãos
os resquícios de nós mesmos
vindos de nossos antepassados.

Os cromossomos adubam o sangue
com seus genes imutáveis.

Um dia os sangues se misturam
e um genótipo novo surge
em meio ao caos.

Na mesma instância
em outro ser
genes já cansados de adubar o sangue;
decidem adubar a terra.

Destino e contingência andam lado a lado,
quase de mãos dadas
num silêncio só.

Saber essa verdade
é tão grave quanto saber da canção latente
que espera a vinda de um momento maior;
alegria da concepção.

Descubro: é a terra que cava em nós princípios de finalidade.

5 comentários:

Anônimo disse...

Fica a dúvida.
Até onde vai essa herança genética?
É quase impossível saber se ela se perde no caminho,
ou se acompanha todas as gerações.
Mas é legal pensar que podemos ter características, talvez mínimas, de alguém que já morreu a décadas.
Todavia é improvável, já que essas características se misturaram a muitas outras até nascermos.
Confuso...

Anônimo disse...

Excelente, Raul! Excelente!

Raul disse...

É, vendo mais do ponto de vista poético do que do biológico fica menos confuso o
texto...
e a herança acompanha sim, todas as gerações, porém arvora mais em uns do que em outros...

Mas não deixa de ser uma boa indagação.

Anônimo disse...

Raul, muito boa a sua sacada, misturar biologia, filosofia e um pouco de poesia também. Mais uma vez, aqui vocês prova sua inteligência e sua versatilidade.
É isso aí, garoto.
--
Carla.

Anônimo disse...

Com certeza, muito interessante seu texto. É abordado um assunto que pouco ou nunca paramos para pensar. Acredito que por isto, torna-se um pouco confuso no começo, mas com a sua clareza de reflexão, deixa sim, muito clara sua visão e o que era confuso, fica mais objetivo.

Abraços...