domingo, 25 de junho de 2006

Letra de música


É sempre bom quando a gente se surpreende com as coisas casuais. Mais legal ainda quando você se pega fazendo algo que sempre condenou como atitude, julgando aquilo como um gesto totalmente Imbecil. E Imbecil com "I" maiúsculo.

Hoje eu estou postando um letra de música aqui no blog.
Por milênios eu achei isso completamente ridículo. Agora eu vejo que isso pode valer. Desde de que seja real pra você. Esta letra especificamente "parece que foi feita pra mim", (essa frase também é infantil-adolescente-ridícula) e ao se casar com a melodia então, torna-se perfeita!
Tá aí:

É de Lágrima (Marcelo Camelo)

É de lágrima
Que faço o mar pra navegar
Vamo lá!Eu não vi, não, final
Sei que o daqui
Teimou de vir, tenaz assim
Feito passarim

É de mágica
Que eu dobro a vida em flor
Assim!E ao senhor de iludir
Manda avisar, que esse daqui
Tem muito mais amor pra dar.

sábado, 17 de junho de 2006

4:25 PM


Sempre escrevendo em pautas
E andando por linhas tortas
quando garantem que o torto
não é o caminho errado.
Espero que mesmo assim
vivam bem mais que você
os que assim como eu
não entenderam a história
(cheia de pontos finais.)

Eu quero a cor dos sorrisos
que vão perder todo branco
e vão ficar amarelos
com o reflexo do tempo
e a soma dos nossos sonhos
não vai ser o peso morto
que é agora nesse começo
e parece não existir
(não há conclusões por perto)

O vício de estar sozinho
é quase sempre consolo
não há problemas a menos
quando se tem companhia
mas arrebentar correntes
fica mais fácil a dois
rompe o ferro escravizado
a união de duas forças
(e o silêncio está escasso)

É preciso dormir na rua
e se embriagar uma vez
não para esquecer do mundo
mas pra vê-lo de outra forma
lucidez não é o bastante
bom senso não faz sentido
quando se busca o sentido
em estado absoluto.
(quem garante o amanhã?)

Difícil é acreditar
que acontece por acaso
que essa pulsação contínua
ainda que desritmada
continue sem motivo
pulsando inconsciente
para que um sono futuro
(traga um sonho de presente)

Já que as veias não se fecham
e o coração não se cansa
e a cabeça ainda resiste
e os pés querem pisar
que nunca falte o sangue
transborde até derramar
que até o fim venha com isto
pra quem quiser descansar
(é que a vida é um imprevisto.)

sábado, 10 de junho de 2006

Poesia para todos

Não sei. Acho que em inglês a universalidade da poesia de Drummond fica ainda mais encarnada, mais palpável. Talvez agora se minimize minha indignação e eu entenda o porquê dele não ter sido eleito "O Mineiro do Século". Carlos era um cidadão do mundo.



Shoulders Hold Up the World

Comes a time when “my God” isn’t said anymore.A time of absolute purification.A time when “my love” isn’t said anymore.Because love came out all useless.And eyes don’t cry.And hands only do rough work.And the heart is dry.
Women knock on the door in vain, you’ll never open it.You kept to yourself, the light went out,but in the shadows your eyes gleamed enormous.You’re all right, you no longer know how to suffer.And you expect nothing from your friends.
Old age coming doesn’t matter much, what’s old age?Your shoulders hold up the world,and it weighs no more than a child’s hand.Wars and famines and discussions in buildingsonly prove that life goes onand that everybody hasn’t been freed yet.Some delicate folks who think the spectacle is barbaricwould prefer to die.Comes a time when dying doesn’t get you anywhere.A time when life is an order.Just life, without mystification.

sábado, 3 de junho de 2006

Notações


As algemas que nos prendem são de ouro.
A fumaça que polui o ar está camuflada na inocência (dentro da bolinha de sabão)
Nosso sonho é um espantalho que virou cerrado, mas no pôr-do-sol tudo é muito bonito.
Interromperam o diálogo do mendigo com o vira-lata,
sob o sereno da madrugada! (mas isso acontece aqui).

Elegeram um médium como “O mineiro do século”, alegando
que ele havia sido importante por se comunicar com os mortos
e dar seus recados a seus familiares ainda vivos, enquanto o poeta - que não foi eleito - podia tocar o futuro com as mãos.

E o futuro está prontinho, formatado, só esperando pra acontecer.
E o presente não consiste da verdade que eu buscava.

O nosso tempo abomina flores, faz das vestes expressão primordial.

E esse caminho, onde vai findar?