Eu não perdi a vontade de escrever.
Admito minha falta-de-palavra com o mesmo pesar de um pai que deixa faltar comida na mesa de casa; porque vez ou outra encontro um verbo vivo e dele não sei o que fazer. A carência fortifica a medida em que se percebe que o mais propício talvez seja procurar não a melhor palavra para se expressar, mas sim o melhor silêncio. O silêncio que é sólido. O silêncio que diz.
Mesmo nessa minha condição de homem-sem-assunto é difícil imaginar que emane de mim qualquer linguagem que não seja sonora, mas acho que a falta de palavras também é um idioma.