terça-feira, 18 de abril de 2006

Apocalypse Please!



Ontem se completaram 10 anos desde o massacre de Eldorado dos Carajás. Todos os jornais mostraram as manifestações do MST criticando o comportamento dos militantes que mais uma vez protestaram e até saquearam caminhões num protesto por rodovias em nove estados do Brasil. Eu tenho apenas uma pergunta: será que a imprensa esperava que eles se reunissem, se abraçassem e cantassem músicas em homenagem aos companheiros assassinados?

O MST reivindicou um novo julgamento para 142 soldados, cabos e sargentos absolvidos pelo Tribunal do Júri em dezembro de 2004. Já o coronel Mário Pantoja, condenado a 228 anos, e o major José Maria Oliveira, condenado a 158 anos, respondem em liberdade concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao recurso contra a condenação.

O fato é tão sério e evidente que há pessoas do mundo todo protestando. Um grupo de entidades de defesa de direitos humanos e ligadas à América Latina promoveu nesta segunda-feira em Washington uma passeata para lembrar os dez anos do massacre. No Brasil todos viram mais uma vez, pelos arquivos dos telejornais, as cenas da luta armada. Novamente todos agiram com a mesma indiferença, como se o incidente tivesse acontecido ontem.

O que revolta é saber que todos os dias surgem sindicatos e movimentos novos, com militantes novos com problemas novos para serem resolvidos, mas o problema da reforma agrária que é muito maior, mais velho e consequentemente mais importante do que qualquer um desses, ainda está por resolver.

É duro ter que enxergar a impunidade gritante presente nesse acontecimento, mas nós estamos num país onde o Ministro da Justiça está sendo investigado por suspeita de envolvimento em crime de quebra de sigilo bancário ao mesmo tempo em que a Kelly Key ganha um disco de ouro no Domingão do Faustão. Nessas horas em que as aberrações surgem todas de uma vez eu penso que quando o fim do mundo chegar, o Brasil vai ser um dos primeiros a ir pelos ares.

O que vai nos exterminar primeiro? A guerra ou a mediocridade?

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