quinta-feira, 26 de abril de 2007
PEDRA BRANCA
Pedra Branca
Pedra de amolar
Pedra de jogar
Pedra de tocar
O meu coração
Para outro lugar, muito além de lá
Pedra Branca
Triste é o meu olhar
Ao te ver passar
Seus cabelos pretos, muito além de lá
Pedra branca
Céu azul passou por mim
E nem sei se sorri
Só sei de você, nos meus olhos pretos
Muito além de lá
Pedra Branca
segunda-feira, 23 de abril de 2007
Nossa classe
Paul McCartney:
Hoje, com 65 anos de idade e fôlego de menino, o cara ainda continua fazendo jus à fama que possui: lança em média um disco por ano, está sempre compondo novas canções e faz shows incansavelmente - mesmo não precisando, afinal ele é co-fundador da banda de rock mais popular que já existiu na face da terra e poderia viver tranquilamente administrando a fortuna que conseguiu fazer, além de encher o bolso com tantos tributos, coletâneas e homenagens feitas aos Beatles.
Jimi Hendrix:
A foto acima é auto-explicativa. É um pouco difícil discorrer com originalidade sobre quem foi e o que Hendrix representa na música contemporânea. O simples fato é que o sujeito REINVENTOU a forma de se tocar guitarra e depois dele o rock (pra não dizer “o mundo”) nunca mais foi mesmo. Resumindo: é Deus no céu e Jimi Hendrix na terra.
(Se bem que agora não dá pra saber ao certo onde ele está... talvez no céu também, solando entre as estrelas...)
Toni Iommi:
Já ouviram falar em Heavy Metal? Pois é, o pai dele se chama Anthony Frank Iommi. Nasceu em 1942, na Inglaterra. Começou a tocar guitarra aos 12 anos e alguns anos depois viria a se unir com mais três amigos, dentre eles um tal de Ozzy Ousborne, e formar uma banda de rock cujo nome viria a ser Black Sabbath. Nada de anormal até aí, não fosse o formato em que as músicas eram concebidas. Graças a Toni, as canções eram mais pesadas do que qualquer coisa que alguma banda havia feito antes. O canhoto criou os riffs mais obscuros e fantasmagóricos que alguém já havia ousado fazer, e só depois dele é que o Metal se tornou uma vertente oficial do rock e assim vieram safras de bandas que trouxeram nomes como Iron Maiden, Metallica, AC/DC, etc.
Kurt Cobain:
Louco, viciado, depressivo, suicida, mas muito criativo e, é claro, canhoto. Essas seriam as definições que caberiam perfeitamente para tentar entender quem foi Kurt Cobain, líder do Nirvana. Apesar de todo o sofrimento pelo qual Kurt passou aqui e a forma como morreu, sua imagem ficou eternizada. É certo que todos os músicos dessa lista deixaram ou estão deixando seus nomes escritos na história da humanidade, mas o de Cobain, devido à forma como ele conseguiu ressuscitar o espírito quase morto do rock nos meados da década de 90, vai ficar salvo em negrito, sublinhado e em caixa alta.
Omar Rodriguez Lopes:
Esse mexicano magrelinho aí já está sendo considerando por muitos críticos o Jimi Hendrix do novo milênio. Por quê? É só pegar o “De-Loused In The Comatorium” (último disco da banda dele: o The Mars Volta) pra ouvir que você vai entender. O disco já nasce com toda uma aura mítica a seu redor, sintetizando o modo como a banda soa a maior parte do tempo: hard rock com um passado punk, provido de enxertos de polirritmia, jazz fusion clássico e pirações dub. É uma bagunça desconexa, que em algum ponto aterriza sobre a própria cara. Todos os estilos musicais apreciados pela banda são costurados num modelo único e bizarro, disfuncional e alienante como as peças de arte mais inquietantes de algum modo se prestam a ser. Como se fosse indicativo de sua amplitude e intenção, o disco é denso, inóspito nas primeiras audições. Um verdadeiro laboratório onde a guitarra sofre as mais impensáveis metamorfoses sonoras. Originalidade em estado puro.
Edgar Scandurra:
Não dava pra esquecer desse super guitarrista que merece lugar de destaque por ser brazuca (e canhoto, é lógico). Scandurra, como todos sabem, é guitarrista do Ira!, banda paulista dona de clássicos do rock brasileiro que influenciaram a mim e à juventude de muitos “amigos mais velhos” que tenho. Além do Ira, Scandurra ainda tem um projeto paralelo chamado “Benzina” (nome sugestivo né?) que mistura música eletrônica e muita guitarra. Dentre os canhotos citados aqui, ele é um dos mais habilidosos e, contraditoriamente, o único que não inverte as cordas da guitarra pra tocar, o que torna a execução da música algo ainda mais cabuloso. Enfim, é talento que não acaba mais.
E viva a minoria!
segunda-feira, 16 de abril de 2007
Pétalas
Pétalas (Nando Reis)
Sou um homem que tem sobre a pele
pétalas
que tem sobre as unhas espinhos
cobrem o coração tantos nervos
sobram aos olhos delírios
Sou um homem que tem como portas janelas
de quem como a fome
carnívora
dorme na escuridão dos milagres
e cresce na geração dos seus filhos
e a mãe trago em mim também
sem sua mão, vou buscar caminho
no amor que desfaz meu ódio
nos meus olhos, retrato vivo
quarta-feira, 11 de abril de 2007
Animal
terça-feira, 3 de abril de 2007
...
Há um medo de seguir a sina que é sentenciada quando se percebe que um dia de chuva não te tira da rotina, mas de faz cair em outra rotina: a que você criou para os dias de chuva. Há uma busca profunda por respostas nesses momentos breves de sensibilidade apurada em que você, numa atitude não menos rotineira, pára e começa a pensar no que está fazendo aqui, interagindo, aceitando, contribuindo, produzindo, solúvel, ainda.
Você se olha: és razoavelmente jovem, não tens vício algum (pelos menos vícios prejudiciais à saúde), tens saúde estável, moradia estável, posição estável no grupo social em que está inserido, (até situação financeira estável você tem!) e tanta estabilidade te incomoda.
O momento presente é confortante e estável. Não obstante, a rotina do dia de chuva (menos presente, mas não menos rotina) te permite perceber que um ar mais umedecido e tristonho faz seu lado melancólico florir. O dia pede um livro e muitas horas para leitura, pede um violão afinado, pois o primeiro acorde já vai trazer uma canção bonita e propícia, pede comida mais mineira do que a de todos os dias, pede leite e biscoitos. (mesmo sendo a cadeia das horas pequena demais para a realização de tudo que é pedido nesse dia).
A aura de nostalgia também é uma aura de proteção; pois o sol não dá as caras ao longo do dia e sua pele, se falasse, agradeceria por isso. O cair da noite não anula os desejos, ao contrário, traz o sono mais proveitoso que se pode ter. E as conclusões típicas da noite, se não chegam, não pioram em nada sua vida: podes sonhar com as coisas inconcebíveis que talvez você nem tenha desejado tanto, mas que com certeza você nunca terá.
Há ainda um quê de introspecção nas coisas mais fugazes, e por perceber isso apenas nesses momentos, você se sente um idiota inculto e medíocre que vive caindo em armadilhas criadas pelos seus semelhantes. A trapaça também vive presente em quase tudo, mas isso você já sabia, e ainda assim fingiu não ver.
No fundo você sempre soube que a vida não tem cura, e que o cantar do qual você fez alicerce pra edificar o mundo feito à maneira mais simples, com as coisas que você acreditava, não pôde ser ouvido. E sabe que se você for mais sincero do que otimista, vai descobrir que não pode ser ouvido por quase ninguém.
O que é que figura esse estado?
Se for um sentimento desconhecido é provável que alguma coisa diferente aconteça e algo seja modificado nos arredores. Se não for, a porta do comodismo vai ficar mais larga e é possível que o medo inerente aos dias de chuva passe assim a ser rotina (e deixe de ser medo).