Os exatos 11 minutos de atraso para que ela chegasse à clínica certamente contribuíram para a transformação daquela visão em algum tipo de miragem.
(Ela entraria triunfante, deixando um rastro de beleza comovente. Era a dona do mundo, pelo menos pra mim, ou pelo menos do meu mundo).
Eu quisera estar ali novamente por tantos motivos depois da primeira vez, que não lembrava ao certo se as coisas que agora me moviam eram as mesmas de outrora.
A ansiedade e a alegria em saber que a veria de novo - mesmo que por um pequeno intervalo de tempo num dia de trabalho - já se confundiam, no entanto eu sabia que aquilo era só uma forma tímida de manifestação da minha esperança. Aquela esperança que viaja pelos campos do improvável e resiste; que se considera suscetível a participar da realidade, que dorme quietinha lá no fundo e eclode só em momentos como esse.
(Ela me conduziria outra vez).
Não fosse seu jeito suntuoso de se vestir, o jeito calmo de andar, a mansidão do olhar e a paz que sua voz carregava, não fosse isso minha atenção estaria voltada para outro lado. O lado pelo qual um paciente normalmente procura um médico: para se tratar, oras. De fato, foi esse o motivo do primeiro contato.
Nunca pensei que descobrir os milagres da dermatologia pudesse ser algo tão prazeroso e inspirador. A surpresa vinha para compensar o preço da consulta – pensei na primeira vez – e depois se somar ao prejuízo financeiro.
Dra. Isabela se mudou para o Recife há duas semanas. Fui seu primeiro paciente em 2007 e a consulta foi nosso último encontro. Ela me deu o telefone de duas amigas médicas com a mesma especialização, e já com voz de despedida disse que eu “estaria em boas mãos” depois que ela partisse. A vontade de dizer (gritando), como num filme, numa cena em câmera lenta: “Please, don’t go away!” veio na boca, tentou sair. Felizmente o conjunto de sensos e experiências que formam o caráter humano e denominam o conceito de ridículo me impediram de agir de tal forma.
Agora, que ela está longe pra caramba daqui, a solidão passou a vir de guarda-pó branco, passear pelas tardes dos meus domingos.
(Ela entraria triunfante, deixando um rastro de beleza comovente. Era a dona do mundo, pelo menos pra mim, ou pelo menos do meu mundo).
Eu quisera estar ali novamente por tantos motivos depois da primeira vez, que não lembrava ao certo se as coisas que agora me moviam eram as mesmas de outrora.
A ansiedade e a alegria em saber que a veria de novo - mesmo que por um pequeno intervalo de tempo num dia de trabalho - já se confundiam, no entanto eu sabia que aquilo era só uma forma tímida de manifestação da minha esperança. Aquela esperança que viaja pelos campos do improvável e resiste; que se considera suscetível a participar da realidade, que dorme quietinha lá no fundo e eclode só em momentos como esse.
(Ela me conduziria outra vez).
Não fosse seu jeito suntuoso de se vestir, o jeito calmo de andar, a mansidão do olhar e a paz que sua voz carregava, não fosse isso minha atenção estaria voltada para outro lado. O lado pelo qual um paciente normalmente procura um médico: para se tratar, oras. De fato, foi esse o motivo do primeiro contato.
Nunca pensei que descobrir os milagres da dermatologia pudesse ser algo tão prazeroso e inspirador. A surpresa vinha para compensar o preço da consulta – pensei na primeira vez – e depois se somar ao prejuízo financeiro.
Dra. Isabela se mudou para o Recife há duas semanas. Fui seu primeiro paciente em 2007 e a consulta foi nosso último encontro. Ela me deu o telefone de duas amigas médicas com a mesma especialização, e já com voz de despedida disse que eu “estaria em boas mãos” depois que ela partisse. A vontade de dizer (gritando), como num filme, numa cena em câmera lenta: “Please, don’t go away!” veio na boca, tentou sair. Felizmente o conjunto de sensos e experiências que formam o caráter humano e denominam o conceito de ridículo me impediram de agir de tal forma.
Agora, que ela está longe pra caramba daqui, a solidão passou a vir de guarda-pó branco, passear pelas tardes dos meus domingos.