sexta-feira, 29 de setembro de 2006
ABRIGO
Onde habita o segredo
De ser sem mostrar pra vida
Chegou o novo pescado
Presente do dia-a-dia
E os filhos chegam correndo
Pro encontro com os pais e barcos
Que no esplendor dos sorrisos
Se aliviam como o mar
E os pés ficam marcados
Na trilha feita na areia
Caminho até o abrigo
De todo contentamento
Ali não vive tormento
O mar acalenta a vida
A calma vem com o vento
E o pão de todos os dias
Como um milagre não cessa
Sempre se deixa encontrar
Sem saber que é parte grande
Dessa engrenagem que move
O peixe que é alimento;
É animal de estimação.
No mar que mata a sede
Do sol que queima o asfalto
Onde ainda andam a margem
Os pescadores vigiam:
Janelas bebem o vento.
Homens sonham com o mar.
Ao encontrar o pescado
A vida toda é um sonho
Quase tudo é garantia
A maré traz o amanhã
Pois tudo que há nesse mundo
É menor que o oceano
Que reflete sobre a terra
(luz) sem encontrar conclusão
Onde habita o segredo
Um muro divide a vida
O dia de cada dia
Sempre renasce com o sol
E sempre estão separados
O mar e o resto do mundo
Os pescadores de um lado;
Os pecadores do outro.
quarta-feira, 27 de setembro de 2006
O RIO
Por entre veias de pedra
Corre o sangue sujo, que vejo agora
Ele escorre, invade
O mundo que não gira como o meu
Reflete o céu sem estrelas da cidade
Segue manso e sem meandros -seu caminho
Vai despejar peixinhos mortos no mar
E dormir
Corre o sangue sujo, que vejo agora
Ele escorre, invade
O mundo que não gira como o meu
Reflete o céu sem estrelas da cidade
Segue manso e sem meandros -seu caminho
Vai despejar peixinhos mortos no mar
E dormir
segunda-feira, 25 de setembro de 2006
VINHETA
Minhas rimas estão ficando cada vez mais fáceis e curtas. Mas, tudo bem...
Quando Meu Coração Parou
Você na rua
Eu te desejo pra mim
Você na lua
Flores no meu jardim
Você na sua
Pedacinho do fim
Quando Meu Coração Parou
Você na rua
Eu te desejo pra mim
Você na lua
Flores no meu jardim
Você na sua
Pedacinho do fim
sábado, 23 de setembro de 2006
Outra vida
A vida ensina uma vez pra que a gente aprenda. E ela é rude. Não mede a dor que vai causar, não se importa se a lágrima vai cair. Faz do que era bom o pior. Faz pior: bate na cara para que não precise fazer de novo, para que a lição seja passada uma vez só e surja o efeito necessário. O problema é quando a gente não aprende de primeira, quando somos ignorantes o bastante pra não entender o que é simples demais.
O amor usado à revelia se machuca demais durante o percurso, enche-se de brechas, deixa espaço para o egoísmo entrar. É preciso cuidar do amor. Ser careta, covarde se for preciso. Negar a certas coisas para que as estruturas não se abalem. Negar a si mesmo, para ser no outro o resto que te falta. Entender que frases bonitas como essa aí atrás são dificílimas de cumprir na vida real. E acima de tudo, perceber que a fidelidade sob qualquer circunstância é a força motriz para a longevidade com a qual todos sonham.
Peço à Luzinha-do-parecer-que-tudo-vai-voltar-a-ser-como-era-antes que apague sua luz. Agora!
Peço vida nova. Por favor.
terça-feira, 19 de setembro de 2006
SAMBA RASO
Se preciso for
Transformo o real em fantasia
Pra anunciar o dia
Que eu deixar de te amar
Se preciso for
Vou quebrar a simetria
Pra ser só o que eu queria
Ser só eu neste lugar
Se preciso for
Transformo dor em poesia
Pra matar a nostalgia
Que me faz sempre voltar
Transformo o real em fantasia
Pra anunciar o dia
Que eu deixar de te amar
Se preciso for
Vou quebrar a simetria
Pra ser só o que eu queria
Ser só eu neste lugar
Se preciso for
Transformo dor em poesia
Pra matar a nostalgia
Que me faz sempre voltar
sábado, 16 de setembro de 2006
DE VOLTA
Depois de mais uma temporada remexendo nos velhos ossos do passado ( cantarolando o "Poema de Maria Rosa") o velho moço acordou e viu a cidade. A torre da igreja, o cemitério, as meninas no seu vai e vem de "cidadezinha pequena". Viu o sol nascer no poente-peripécias da kombi. As unhas pretas de terra não o incomodavam, só a saudadezinha de ver aquele mundinho rupestre morrer no branco dos seus olhos mais uma vez. Partir. E ele voltou pra casa, quis desconhecer as coisas da sua vida. Só pra lembrar pelo avesso novas e antigas estórias...
quarta-feira, 13 de setembro de 2006
Parece até mentira...
Nos EUA, o uso de medicamentos como entorpecentes já tomou uma dimensão tão grande que o número total de usuários de analgésicos, tranqüilizantes, estimulantes e sedativos para esse fim já ultrapassa 6,3 milhões – mais que o dobro dos consumidores de cocaína do país.
O impacto do abuso desses remédios é sentido nos pronto-socorros. Em 1999, 2 milhões de pessoas foram hospitalizadas e 140 mil morreram devido a efeitos de remédios prescritos por médicos, enquanto o número de mortes causadas por todas as drogas ilegais foi de
É um paradoxo: ainda há muita dificuldade para usar drogas ilegais como remédios, mas quase nenhuma para usar remédios como drogas.
domingo, 10 de setembro de 2006
Genótipo
A força da continuação,
ereção hereditária da natureza,
faz arvorar pelos pés
e enraizar pelas mãos
os resquícios de nós mesmos
vindos de nossos antepassados.
Os cromossomos adubam o sangue
com seus genes imutáveis.
Um dia os sangues se misturam
e um genótipo novo surge
em meio ao caos.
Na mesma instância
em outro ser
genes já cansados de adubar o sangue;
decidem adubar a terra.
Destino e contingência andam lado a lado,
quase de mãos dadas
num silêncio só.
Saber essa verdade
é tão grave quanto saber da canção latente
que espera a vinda de um momento maior;
alegria da concepção.
Descubro: é a terra que cava em nós princípios de finalidade.
quarta-feira, 6 de setembro de 2006
TODAS AS LETRAS
Esta letra ainda não está totalmente pronta... Mas resolvi colocá-la na mira dos olhares atentos (e também dos incautos) que passeiam por esse blog, só pra ver no que dá.
Todas as letras
Como é que posso esquecer seu rosto?
Todas as letras da nossa canção?
Se o seu amor ainda é uma seta
Atravessada no meu coração
Meu coração que batia depressa
Vontade e ânsia de te encontrar
Pra te trazer de novo pra essa festa
Que guardo -muda- dentro do olhar
Como é que eu posso esquecer seu gosto?
Se seu desgosto carrego nas mãos
Que vivem cheias desta tua ausência
Para sempre atadas pela solidão
Todas as letras
Como é que posso esquecer seu rosto?
Todas as letras da nossa canção?
Se o seu amor ainda é uma seta
Atravessada no meu coração
Meu coração que batia depressa
Vontade e ânsia de te encontrar
Pra te trazer de novo pra essa festa
Que guardo -muda- dentro do olhar
Como é que eu posso esquecer seu gosto?
Se seu desgosto carrego nas mãos
Que vivem cheias desta tua ausência
Para sempre atadas pela solidão
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