domingo, 28 de maio de 2006

Manhã de Domingo

Domingo de manhã passou pela rua um boi.
Seu passo escravo, sua cara de rei, seu jeito manso de ser boi e
contemplar a liberdade que não existe nem se
quer por um dia inteiro, mas no pouco que dura é maior que
todos os dias, é grande o bastante pra lhe deixar descobrir
que o asfalto também é chão, e que revirar o lixo é mais
fácil que procurar por capim.

No cotidiano urbano, segue o boi vira-lata, que passa pelo açougue
e faz o sinal da cruz (em pensamento).

Seguindo sempre a sina. Balançando o sino num aviso inútil.

Andando devagar, sem se deixar ir pela pressa da cidade.



Domingo de manhã a vida cheira a estrume e piche sob a luz do sol.

segunda-feira, 15 de maio de 2006

Eu sempre vou esperar pelo sorriso raro nas segundas-feiras de manhã.
E acreditar que a vida na sua brevidade vai me oferecer boas opções.
Vou me conformar ao descobrir que o querer ser é anestesia da nossa própria
consciência contra a verdade cruel de que somos absolutamente limitados.
Vou até me contentar quando lembrar que percebi antes de muitos
que pouco importa se cantamos certinho, sem sair do tom.
O que vale é o que é dito.
Melhor continuar tentado entender um pouquinho de tudo que acontece ao redor.
Enxergar as coisas simples de onde emanam forças que transformam coisas maiores.

Vou acreditar que o céu não é tão alto, e que eu sou muito leve.
Leve como uma pena.

sábado, 6 de maio de 2006

Palavras de tempos atrás...

ESPERA

N’algum lugar do futuro,
alguém já corrompeu minhas verdades:
Nada posso fazer senão viver o que vier.
Eu vou continuar cavando o chão,
furando buracos em que nem se
quer vou me esconder. Acreditar
que minha esperança dure mais um ano.
Não morrer de sede.
Conquistar coisas tão descartáveis
quanto meu próprio destino.
Perder todos os poucos amigos;
saber das alegrias poucas que hão de vir
e, ainda assim (que pena), não poder viver
para as contemplar.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

O início do fim...


Ontem a noite eu cheguei em casa – cansado, pra variar – depois de mais um dia longo de trabalho e estudo. Liguei a TV e sem medo, fui trocando de canal pra averiguar nosso saboroso menu de programas depois das onze. Antes que vocês perguntem eu já vou dizendo: eu não acompanho o “Programa do Leão”, mas não sei como uma estranha força que tomou minhas mãos fez com que eu não conseguisse mais mudar de canal depois do que vi...

Eram três gostosas de fio dental, com uma camisa branca de algodão e sem sutiã. A moral da brincadeira era os caras espirrarem água com uma pistolinha de plástico na altura dos seios das gostosas para que a camisa se molhasse, ficasse transparente e eles pudessem ler a frase que estava colada no acima dos seios delas. Quem conseguisse ler a frase por inteiro primeiro sagrava-se o campeão.

Fiquei pensando: esse tal de Leão deve estar investindo pesado pra tentar ganhar do Gugu, do Datena, João Cléber e/ou Otávio Mesquita e afins...

Depois ainda aconteceu uma prova onde os caras tinham que comer olhos de cabra, testículos de búfalo, amídalas de rinoceronte e mais uma pá de merdas desse tipo. Engraçado era quando eles faziam aquelas caras super naturais do tipo: “Ah, isso aqui até que é gostoso, eu não tô achando ruim não gente, imagina...” obviamente depois daquilo o cara deve ter ou cagado até alma ou vomitado até as tripas, mas isso não vem ao caso.

Pensa só: mulher pelada sempre deu e sempre dará audiência no Brasil, mas comer porcarias gosmentas e excrementos animais? Isso é o fim!

Enfim, cheguei a conclusão de que alguns apresentadores de TV estão levantando um verdadeiro império da baixaria depois do horário nobre e disputando com todas as forças o posto de rei dos números do Ibope.

Desliguei a TV e fui “tentar” dormir.